Como o empoderamento feminino está diretamente ligado com independência financeira?
Março é marcado pelo Dia Internacional da Mulher. O dia 08, sempre lembrado como ponto inicial das lutas femininas a favor dos direitos do gênero ao redor do mundo, carrega consigo diversas reivindicações.
Nesta data tão importante – que vai muito além de ganhar flores ou descontos em lojas – quero levantar uma outra reflexão, que está sempre entre meus temas preferidos: o empoderamento feminino.
O termo, que ganhou evidência nos últimos tempos graças ao movimento feminista, pode ser explicado como o ato de conceder o poder de participação global às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos, como a total igualdade entre os gêneros. Esta ação consiste no posicionamento das mulheres em todos os campos tanto sociais, políticos, jurídicos e econômicos, incentivando que participem de debates públicos e tomem decisões que sejam importantes para o futuro da sociedade como um todo.
Na teoria parece funcionar bem, entretanto, as notícias ainda mostram o contrário: o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio – um crime de ódio, no qual a motivação da morte precisa estar relacionada ao fato de a vítima ser do sexo feminino – segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Em agosto do ano passado, o país registrou 606 casos de violência doméstica e 164 estupros por dia.
E quando falamos de violência contra a mulher no Brasil, a Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica. Além disso, define muito bem como humilhar, xingar e diminuir a autoestima, controlar e oprimir a mulher, expor sua vida íntima, forçar atos sexuais e controlar o dinheiro ou reter documentos são algumas das formas de agressões.
Como reverter este cenário? A independência financeira, no meu ponto de vista, é uma importantíssima aliada, se não a mais forte de todas.
Segundo Gabriela Manssur, Promotora de Justiça no Ministério Público do Estado de São Paulo “só a independência financeira garante autonomia emocional à mulher”. E também existe um questionamento bastante profundo e recorrente sobre até onde vai o limiar entre abandonar um relacionamento abusivo e ter condições de se manter financeiramente?
Por isso essa é a hora de encarar as finanças pessoais com um outro olhar para poder exercer o seu poder de escolha. Fazer em conjunto com o parceiro ou a parceira é a solução mais completa, mas comece por você mesma, um passo de cada vez.
Analise os gastos: especialistas no assunto sugerem separar em três grandes categorias: essenciais (moradia, alimentação, saúde, transporte, etc), supérfluos (compras, lazer, presentes, etc) e reserva. Muitos aplicativos, inclusive gratuitos, atualmente podem te ajudar a organizar as finanças. O ideal é que seus essenciais correspondam a 50% dos seus gastos e os supérfluos a 30%, para você conseguir guardar 20% do que você ganha todo mês. Se você tem dívidas, quite-as todas para depois poder começar a guardar dinheiro.
Tenha bens em seu nome: tenha seu próprio dinheiro e também outros ativos em seu nome para trazer maior segurança individual e liquidez quando necessário. Propriedades em conjunto com o cônjuge também são importantes, claro, mas poderão ter prazos maiores nos acertos em um momento de divórcio.
Considere o mercado de investimentos: a facilidade de aplicar e acompanhar tudo pela internet e com o apoio de plataformas online ajuda a organizar as finanças e aplicar o dinheiro, tornando-o mais rentável, seja com menor risco na clássica poupança, seja em outras formas de investimento de prazos, riscos e retornos diferentes.
Tenha uma previdência privada ou faça contribuições para sua aposentadoria: reserve um valor para esse objetivo de acordo com a sua renda. Afinal, também é importante considerar a potencial longevidade como mulher.
E não pense que cuidar das suas finanças é um bicho de sete cabeças. Reserve um tempo e pesquise, estude, conscientize-se, mude hábitos sendo racional com o dinheiro, peça conselhos de especialistas e tire dúvidas: hoje existem diversos cursos e ferramentas disponíveis online que podem te ajudar nessa empreitada.
E para concluir o assunto, recomendo fortemente o livro Complexo de sabotagem escrito por Colette Dowling. A obra é baseada no caso real dela mesma e em entrevistas com psicólogos especialistas em finanças e mulheres que revelam as justificativas femininas de relutância em assumir responsabilidades com o seu futuro e de ter uma atitude madura em relação ao dinheiro. Dowling também é autora do clássico Complexo de Cinderela.
Espero que depois dessa reflexão você esteja pronta para tomar as rédeas financeiras da sua vida e empoderar-se ainda mais.
E Feliz Dia Internacional das Mulheres para todxs nós!