Novembro Azul e a Masculinidade Tóxica
“Tóxico”. A palavra do ano eleita pelo dicionário Oxford em 2018. Segundo dados da instituição, depois da palavra “química”, a palavra “masculinidade” é a que frequentemente a acompanha. O termo “masculinidade tóxica”, de uma forma geral, se refere às diversas formas de violência masculina e desigualdade de gêneros.
Mas por que decidi falar sobre isso neste artigo, e ainda exatamente no mês do Novembro Azul? Dentro do Empoderamento Feminino, muito se fala de que é necessário trazer os homens junto com as mulheres nessas discussões, não é mesmo? Afinal muitos se fala do que é ser Mulher, mas pouco se fala sobre o que é ser Homem, e papéis sociais “esperados”, seja na família, com os amigos ou no trabalho, quando as expectativas profissionais, por exemplo, não permitem sequer questionar sobre o que é realmente vencer na Carreira, sobre o que é ser um homem de sucesso ou até mesmo permitir-se ficar sem trabalhar fora cuidando dos filhos e da casa. Então, neste artigo quero ajudar Homens e Mulheres a entenderem mais estes pontos de vista sobre a masculinidade tóxica.
Alguns divergem, outros convergem, mas no fundo, no fundo, é importantíssimo lembrar sempre: somos SERES HUMANOS, vivemos na condição de seres humanos, independente das tentativas de classificações objetivas como gênero tal, raça tal, credo tal, tal idade ou classe social, é portador da deficiência tal. Afinal, também somos subjetivos, cada qual com suas angústias, sonhos, medos que motivam, medos que paralisam, e até mesmo estratégias de enfrentamento para sairmos mais fortes, nos superar diariamente e também ajudar outros a refletirem e darem os próximos passos.
Sabe que quando assisti pela primeira vez o documentário “O silêncio dos homens”, citado logo abaixo, foi impossível para mim não me identificar também, como ser humano, e encher os olhos d´água? Por isso, faço questão de falar sobre este tema reconhecendo e ressignificando essas construções sociais para ajudar a transformar esta realidade.
E para tornar mais dinâmico este tema tão profundo, listo aqui alguns grupos brasileiros, super relevantes e atuais, que falam abertamente sobre isso.
Um grande e relevante grupo que está há 12 anos falando sobre muitos temas relacionados ao universo masculino é o PapodeHomem. Formado por um grupo de caras espalhados pelo mundo, compartilham suas descobertas, aventuras, ideias, obstáculos, projetos e conquistas, sem frescuras. Pode ser chamada de uma lifestyle magazine para homens que não se contentam com pouco.
Quem também desconstrói o machismo, o sexo e a pornografia é Claudio Serva, terapeuta tântrico, músico, e fundador do Prazerele, um espaço que estuda a desconstrução do machismo através de caminhos prazerosos e acolhedores. Além de diversos materiais sobre os temas, ele ministra o curso “Sexo e sexualidade: tudo o que seu pai não te ensinou”, onde revisita junto com os participantes a construção das masculinidades tóxicas e ganham uma visão mais ampla sobre o corpo do homem e da mulher.
Homens incomodados, que se reconhecem machistas e que querem rever suas atitudes para contribuir de alguma forma com uma sociedade onde todos sejam respeitados e valorizados igualmente têm se reunido formando grupos chamado de Memoh – homem ao contrário, ou seja, o homem desconstruído. Seus encontros envolvem diálogos, meditações, danças, caminhadas e esportes na natureza, buscando nutrir o mundo masculino com referências saudáveis para criar ambientes de acolhimento e reflexão.
E já que o assunto é falar sobre masculinidade tóxica, separei também alguns materiais bem interessantes para você conferir outras visões sobre o tema.
O silêncio dos homens
Fruto de uma pesquisa que envolveu mais de 40 mil pessoas e dá continuidade a pesquisas feitas pela Papo de Homem, o documentário tem o objetivo de provocar reflexão sobre o modelo de masculino que se impõe sobre meninos e homens e como isso acaba por silenciá-los ao longo da vida.
O filme completo você pode assistir gratuitamente aqui.
Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gêneros
A iniciativa da ONU Mulheres em parceria com o site Papo de Homem deu origem a este documentário que busca aproximar os homens do debate sobre a igualdade de gênero.
O projeto faz parte da campanha internacional #ElesPorElas, cujo objetivo é engajar homens e meninos para novas relações, sem atitudes e comportamentos machistas.
Com entrevistas com homens e mulheres de diferentes áreas, o filme discute os mitos da masculinidade e quanto os comportamentos tóxicos podem ser prejudiciais para ambos. Você pode conferir o material gratuitamente no canal da ONU Mulheres.
The Mask You Live In
Lançado no Festival de Sundance em 2015, o documentário – disponível na Netflix – aborda a forma como os meninos são criados em nossa sociedade, seguindo jovens que tentam permanecer fiéis a si mesmos enquanto negociam com a estreita definição de masculinidade nos Estados Unidos.
Já parou para pensar em como mensagens do tipo “seja forte”, “seja homem”, “homem não chora” influenciam a vida desses homens? O documentário explora as consequências dessas cobranças impostas aos meninos e, com a ajuda de especialistas, mostra como a sociedade pode criar gerações mais saudáveis de rapazes.
Material super importante não só para todos os homens, mas também para pais e mães de meninos.
Ted Talks: Justin Baldoni
Justin Baldoni, ator americano, faz um diálogo com os homens sobre redefinir a masculinidade, de modo que eles descubram formas de serem não apenas homens bons, mas seres humanos bons.
Nesta fala de 20 minutos, ele compartilha seu esforço para reconciliar quem ele é com a visão que o mundo tem de como um homem deve ser. E lança um desafio aos homens: “Vejam se vocês conseguem usar as mesmas qualidades que fazem de vocês homens para irem mais fundo”, diz Baldoni. “Sua força, sua bravura, sua resistência: vocês são corajosos o bastante para serem vulneráveis? Vocês são fortes o bastante para serem sensíveis? Vocês são confiantes o bastante para darem ouvido às mulheres da sua vida?”.
E pegando essa deixa, o Caminhos da Reportagem da TV Brasil fez uma matéria sobre masculinidades contemporâneas: homens possíveis. Nela, ouviu homens de várias faixas econômicas e sociais, que fazem as mesmas queixas: foram educados para não chorar, para não jogar bola ou dirigir como mulher, para revidar as agressões com a mesma moeda, para ser um homem “de verdade”.
Excelentes questionamentos que trazem reflexões saudáveis!
E pra quem é da turma que curte ouvir podcasts – a mídia que mistura programa de rádio com streaming, permitindo que você escute o programa a qualquer hora, em qualquer lugar – também deixo algumas recomendações:
Masculinidade e Sentimentos, episódio do Mamilos, podcast semanal que discute os temas polêmicos apresentando diversos argumentos e diferentes visões para que os ouvintes formem sua opinião de maneira crítica. De forma colaborativa, recebem especialistas em diversos assuntos. Neste especificamente, quem contribui é Gui Valadares, fundador e editor-chefe do portal PapodeHomem; Thiago Queiroz, criador do site Paizinho, Vírgula! e host do podcast Tricô de Pais; Oga Mendonça e Fe Duarte.
Outro podcast que merece destaque é o Homem Também Chora. Os áudios trazem discussões sobre masculinidades possíveis e tratem de temas como paternidade, gordofobia, assédio, estética, patriarcado, entre outros.
Por fim, deixo este texto publicado pelo UOL TAB: O crepúsculo do macho. Com menos violência e mais sentimentos pode-se desenhar uma nova ideia do que é ser homem.
Aproveite todas as referências e compartilhe também com todos os Homens que são importantes em sua Vida.